DIFERENÇA DE COMUNICAÇÃO ENTRE BRASILEIROS E ALEMÃES
A comunicação é parte essencial da vida de todos nós e, em especial, o brasileiro sabe disso muito bem. O Brasil é um país com um povo alegre, comunicativo e de comportamento espontâneo. Somos pessoas sociáveis e felizes por natureza. Adoramos conversar e trocar ideias. Já, os alemães, se comunicam de maneira diferente dos brasileiros.
Para saber mais sobre a diferença de comunicação entre brasileiros e alemães, eu conversei com a brasileira Gisele Matos que mora com sua família na Alemanha e vai falar um pouco de sua relação com os alemães, em especial, a comunicação entre eles.
Há quanto tempo você mora na Alemanha e em que cidade?
Morei em Dortmund por 1 ano de 2001 a 2002 e agora moro em Munique há 2 anos e 4 meses.
Como foi para você como brasileira recém-chegada na Alemanha se comunicar em alemão logo no início?
Na primeira vez que morei aqui eu não sabia uma única palavra em alemão, então desde o primeiro dia usei inglês para tudo, me comunicava com todos e em todos os lugares sem problemas.
Eu tinha 19 anos e as pessoas com quem eu convivia eram a maioria jovens e isso foi um grande facilitador, já que todos falavam inglês sem maiores problemas. Dortmund não é uma cidade pequena e é bastante multicultural.
Quando cheguei da segunda vez em 2019, eu optei por não usar o idioma inglês e tentei me comunicar em alemão para aprender mais rápido. Eu entendia pouco e falava menos ainda, sem tempo para estudar, pois, cheguei com duas crianças pequenas, um bebê de 10 meses e sem rede de apoio. Eu usava toda e qualquer oportunidade para estar em contato com a língua alemã. Ouvia rádio, lia jornais, cartas da escola, ia à reunião de pais, consultas médicas e missas da igreja. Gradualmente o meu alemão foi se desenvolvendo, lógico com falhas gramaticais porque não tinha tempo para estudar a língua, mas a comunicação fluía razoavelmente com as pessoas.
Você sente até hoje diferenças de comunicação entre você e os alemães e quais as mais difíceis?
Sim, quando preciso usar frases muito longas. Hoje eu já consigo me expressar bem praticamente sobre qualquer assunto, mas percebo que muitas vezes me perco na construção das frases e tenho que refazê-las. Para mim mais difícil são situações no trabalho quando preciso detalhar uma situação e ser muito clara, nesses caso uso o inglês para me expressar e assim não correr riscos da mensagem ser passada de forma errada.
Você sentiu medo ao iniciar uma comunicação com os alemães nos primeiros meses de vida na Alemanha?
Sim, por exemplo: quando eu via uma mãe da escola da minha filha no ponto de ônibus, eu atravessava a rua para ela não puxar conversa comigo ou me perguntar algo, na verdade, eu queria ficar invisível sempre que aparecia a situação de uma potencial conversa com um alemão.
Você já domina o idioma alemão, ou ainda sente dificuldades em se comunicar?
Estudo há 3 meses uma vez por semana, com o intuito de corrigir todas as falhas que eu cometo por começar a falar o idioma sem ter uma base em estudos. Como eu mencionei, eu consigo falar praticamente sobre qualquer tema sem problemas, mas ainda cometo muitas falhas gramaticais que estão profundamente enraizadas no meu cérebro. Quanto a leitura, eu leio livros sem maiores dificuldades, pois já tenho um bom vocabulário.
O que você percebe de diferente entre a forma de se comunicar entre os brasileiros e os alemães?
Acho os brasileiros mais abertos com pessoas que acabaram de conhecer, gostam de conversar bastante já no primeiro encontro, convites para um almoço em casa, churrasco, sair para jantar acontecem bem mais rápido.
Os alemães, pela minha experiência, levam mais tempo, eles primeiro só vão te cumprimentar, depois gradualmente vão se comunicando e marcam um encontro em parque, piscina, aí depois se a amizade fluir te chamam para ir à sua casa.
Você acha o povo alemão fechado ou eles são comunicativos como os brasileiros?
Pela minha experiência, eles são mais reservados, mas se se eles percebem que você tenta falar o idioma, que você tem vontade de se integrar, na maioria são muito simpáticos, receptivos e bem comunicativos.
por Claudia Hosbach
Jornalista correspondente na Alemanha
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